Resumo em Português

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Super-individualismo

No que diz respeito às artes visuais, os Países Baixos é um país de pintores. Rembrandt, Van Gogh, Mondrian e Appel fizeram deste país o que ele é nesta particular forma de arte. Na atualidade, estes pintores são usados como os principais promotores da herança artística nacional e suas pinturas, de várias coleções de museus, estão quase continuamente em exibição nos mais importantes museus do mundo. Contudo, embora os gigantes do passado proclamem que os Países Baixos é uma nação de pintores, durante décadas as novas gerações de artistas estiveram trabalhando em outras disciplinas. Desde a década de 1960, o uso de outros meios além da pintura teve um crescimento vertiginoso dentro das artes visuais, a tal ponto que muito poucos artistas das novas gerações se dedicam à pintura.

A lista dos 100 artistas holandeses mais importantes, publicada pela revista de notícias Elsevier cada ano, na qual o sucesso dos artistas nos Países Baixos é medido em termos de vendas e exibições, pode dar testemunho disso. No topo da lista de 2010 encontramos um vídeo artista muito jovem, Guido van der Werve, que alcançou fama mundial com um vídeo romântico, no qual ele caminha calmamente através de um trecho de gelo polar, diante de um enorme quebra-gelo. Muito poucos artistas dentro do top 10 se dedicam realmente a pintar.

 

Sem uma voz líder

Com exceção do campo do design, onde a Dutch Design, dirigida pela alegremente crítica fundação Droog Design criou furor, ou da arquitetura, onde o super-modernismo holandês, dirigido por Rem Koolhaas, é hoje mundialmente reconhecido, nas artes visuais não há uma voz líder. A paisagem é dominada por indivíduos solitários que trabalham com meios artísticos altamente divergentes. Por exemplo, as pinturas de Marlene Dumas, artista originária da África do Sul que mora nos Países Baixos desde os anos 1970 e que é uma das mais bem-sucedidas artistas no mundo, não têm absolutamente nada em comum com a provocativa arte no campo do design do igualmente bem-sucedido Joep van Lieshout. As levemente inquietantes vídeo-instalações de Aernout Mik, quem teve uma importante exibição como solista no MoMA New York em 2009, comunicam-se em uma linguagem inteiramente diferente à dos retratos naturais da adolescência por meio da fotografia de Rineke Dijkstra, outro bem-sucedido expositor no MoMA. A idéia da arte expressada nos filmes minimalistas de De Rijk e De Rooij não parece em nada com a das intimistas instalações esculturais de Mark Manders.

Este super-individualismo é um fenômeno tipicamente holandês. Em qualquer outra parte do mundo, os artistas sentem uma necessidade superior de união e cooperação para ganhar um lugar no mundo da arte. Especialmente no início de suas trajetórias, muitos artistas unir-se-ão para, por exemplo, organizar suas próprias exibições. Os curadores e a mídia especulam avidamente sobre as mais importantes tendências entre os artistas. Isto também acontece em um plano nacional, onde se efetua um balanço na forma de exibições provocativas que ganham muita atenção. Na França, este tipo de grande exibição, que visa definir a imagem nacional, é realizado quase todos os anos. Na Inglaterra, cada três e na Alemanha, em média, cada cinco. Esta manifestação cultural é quase inexistente nos Países Baixos. A tentativa de De Paviljoens de apresentar uma definição moderna da identidade artística holandesa em Almere, no verão de 2010, foi a primeira em trinta anos.