Resumo em Português

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Existem muitas oportunidades de colaboração entre o Brasil e os Países Baixos. O Brasil tem um público muito grande e crescente interessado em projetos culturais. Um fator importante é que no Brasil há um grande interesse pela arte holandesa. Uma obra de arte exibida há cinco anos pode ser exibida novamente sem problemas, já que o público se renova constantemente.

 

Há uma grande demanda de projetos de alta qualidade, não somente pelas exposições de arte contemporânea, mas também pelas exposições retrospectivas que colocam a arte holandesa em perspectiva.

 

Algumas sugestões para atividades de menor escala podem resultar efetivas, como por exemplo:

Especialistas holandeses poderiam oferecer conferências e oficinas

Outorga de bolsas para estudantes brasileiros para presenciar cursos ou passar um tempo morando e trabalhando nos Países Baixos

Expansão do programa para visitantes para incentivar que os curadores brasileiros viajem aos Países Baixos


Também seria uma boa idéia organizar uma exibição importante de arte holandesa uma vez por ano, com muita publicidade. Isto exigiria a cooperação dos museus holandeses, bem como o apoio financeiro, por exemplo, da Fundação Mondriaan. Essas exposições não necessariamente deveriam ser sobre arte, desenho ou arquitetura; as exposições sobre história ou arte também podem ser recebidas com um alto grau de interesse. Com a colaboração com os museus holandeses seria possível organizar uma grande exposição sobre a era de João Maurício de Nassau, que poderia marcar a presença holandesa no Brasil de um ponto de vista mais amplo.

 

Não teria sentido organizar um festival holandês de grande porte, já que cada forma de arte tem seu próprio público específico. As pessoas que gostam de balé não necessariamente estão interessadas na arte contemporânea. Se fosse possível provar que existe um grande interesse em uma grande exibição de uma variedade de disciplinas artísticas holandesas, seria melhor organizá-la como um conjunto de eventos de maior e menor escala ao longo do ano, de forma que a cultura holandesa – na forma que for – esteja constantemente presente.

 

Também é importante iniciar intercâmbios no campo da tecnologia aplicada à arte. Especialistas brasileiros e holandeses poderiam oferecer conferências e/ou oficinas para os colegas do outro país. A América do Sul percebe cada vez mais intensamente seu próprio valor, e o Brasil tem muito para ensinar aos Países Baixos, especialmente acerca de como ter uma vida cultural florescente apesar das difíceis circunstâncias, como atingir isso sem o apoio do governo, e como as pessoas que trabalham no setor da cultura podem sobreviver aproveitando cada oportunidade, simplesmente porque têm um ideal pelo qual lutar.

 

Os Países Baixos também podem aprender muito sobre os aspectos sociais da cultura: acesso gratuito aos eventos culturais e os aspectos educacionais dos projetos foram muito importantes no Brasil durante décadas, e o Brasil ganhou muita experiência nesta área.

 

Em termos práticos, o mais importante para lembrar é que o planejamento de longo prazo no Brasil é difícil. Normalmente existe a vontade, mas os obstáculos financeiros são enormes e o pessoal só consegue ter tudo organizado para os projetos bem antes da inauguração. Se os parceiros estrangeiros forem muito insistentes sobre datas definidas, alguns parceiros brasileiros irão desistir. A paciência e a flexibilidade por parte dos parceiros estrangeiros normalmente beneficiam o projeto.

 

Também seria muito útil instalar um bom site bilíngüe com informações úteis sobre as instituições (contatos, história, programas atuais). O site também poderia fornecer informações sobre a constituição de fundos, doações, iniciativas futuras, etc. Uma outra seção poderia ser um fórum para intercâmbio interativo de idéias para projetos. Muitos projetos de intercâmbio cultural não se concretizam porque as pessoas não conhecem os projetos dos outros no momento. Os resultados desta pesquisa também poderiam ser publicados no site; esta parte do site deveria manter-se atualizada no Brasil.

 

A respeito de todas as iniciativas referidas acima, é essencial que haja um orçamento disponível nos Países Baixos. Caso as instituições brasileiras requeiram especificamente uma exibição em especial, poderá ser solicitada a procura de patrocinadores, mas para garantir uma continuidade, um orçamento básico sempre terá de estar disponível.

 

Finalmente, o papel dos adidos culturais é de grande importância; talvez poderia ser contratado um adido para trabalhar localmente, de tal forma que a experiência e o conhecimento adquiridos não se percam novamente após alguns anos. Uma outra possibilidade é contratar um terceiro independente que conheça o mundo da arte no Brasil e conte com as redes necessárias. Esse não teria que ser um trabalho de tempo completo, mas seria crítico que o representante tivesse sua sede em São Paulo ou no Rio de Janeiro, e não em Brasília. Obviamente, o trabalho acarretaria não só a supervisão das iniciativas holandesas no Brasil, mas também o apoio dos projetos brasileiros nos Países Baixos.