Resumo em Português
A herança nas profundezas das intermináveis Terras Baixas
A herança pode assumir a forma de um objeto, ou de um lugar específico, ou ainda de um ritual. Mas, seja qual for a sua forma, a herança é por definição, parte de uma história comum, de uma paixão; é um reflexo do dia a dia dentro de uma cultura. É por isso que a percepção da herança é um fenômeno vivo. A cada momento, a história futura está sendo escrita, na medida em que novas histórias se acumulam e demandarão ser narradas.
Holandês?
Alguns estrangeiros percebem certos aspectos dessa herança – às vezes bastante enganadamente – como tipicamente holandeses: sapatos de madeira, moinhos de vento, tulipas ou a comemoração do nascimento de São Nicolau. Contudo, os sapatos de madeira e os moinhos de vento também podem ser encontrados na Espanha e a tulipa de Cazaquistão é de fato a flor nacional não apenas dos Países Baixos, mas também da Turquia. Esses exemplos ilustram o fato de que a cultura e, por extensão, a herança, não respeita as fronteiras. Mesmo os tapetes persas que podem ser encontrados nas mesas dos típicos “brown cafés” em Amsterdam – ridiculamente pequenos e fora de lugar para muitos estrangeiros – têm sua origem no Oriente. E foi um escritor estadunidense quem criou Hans Brinker – o menino holandês que previno uma inundação botando o dedo em um buraco do dique. Na ilha sul-coreana de Cheju, há dois nomes que concorrem pela honra de ser o mais famoso holandês no mundo: Capitão Hendrik Hamel, que naufragou nessas terras no século XVII, e Guus Hiddink, o ex-técnico da seleção de futebol da Coréia do Sul já nos tempos modernos.