Resumo em Português
Os Países Baixos e Flandres, a região da Bélgica na qual se fala holandês, formam uma única entidade literária. Por outra parte, a literatura holandesa não está divorciada da literatura européia e, movimentos literários como o naturalismo, o modernismo e o experimentalismo de pós-guerra podem ser encontrados nas produções holandesas, tanto quanto nas de qualquer outra região. Contudo, a literatura holandesa possui sim uma série de características próprias. Desde a Segunda Guerra Mundial, muitos romances foram autobiográficos em essência, o romance psicológico foi representado em excesso, e os escritores holandeses tiveram uma tendência a ficar perto de casa nos temas de seus enredos – histórias românticas familiares são ainda populares. Não há uma grande tradição de contos de fantasia e, particularmente desde os anos 60, a ênfase está no realismo. A religião teve um papel importante nos romances holandeses típicos; ora como alvo de devastadora crítica, ora como ferramenta de simbolismos. Além das referências ao cristianismo, muitos escritores usaram a antiguidade clássica com um importante marco de referência.
É claro que há exceções para tais generalizações e o que chama verdadeiramente a atenção é que essas exceções fizeram grande sucesso fora dos Países Baixos. O erudito Harry Mulisch, por exemplo, não é tímido na hora de escrever romances ambiciosos e filosóficos, carregados de simbolismos. No começo, esses trabalhos trouxeram-lhe mais sucesso no exterior do que no seu país, quando o comparamos aos seus pares Gerard Reve e W.F. Hermans, com seus estilos de escritura mais realistas, embora este último adquirisse muitos leitores internacionais mais depois da sua morte. Na França, uma crítica favorável de Milan Kundera deu andamento ao sucesso internacional de Hermans e ele é hoje lido e apreciado também nos Estados Unidos. Os romances de Leon de Winter, orientados para o mercado internacional e movidos por seus enredos, os escritos de viagens filosóficas de Cees Nooteboom, os romances psicológicos de Margriet de Moor e os livros de Hella Haasse que descrevem as Índias Orientais Holandesas são também enormemente populares no exterior.